Caras muito diretos me assustam. Não me importa se a cantada é digna de um galã de novela, se a aparência é de deus grego, se isso mostra interesse ou confiança, não, sou a mais típica gata de rua se não chegar de mansinho eu fujo. Pra mim o flerte tem que ser uma dança sútil, o assunto flui como se eu estivesse fazendo um novo amigo enquanto um sorriso e o toque suave mostram que os dois estão querendo chegar no mesmo lugar.
O primeiro problema com os caras diretos é que eu não conheço eles. O segundo é que não quero conhecer. Qual a graça do flerte sem desafio, sem conquista, se meu coração não palpita enquanto eu calculo se estou brincando certo? O terceiro problema está ai, não sei brincar de mentir, nunca soube, não posso responder aos “quero te ver” vazios que só fazem ecoar na minha cabeça o quanto eu não faço questão, não consigo evitar de preferir uma noite de pijama e seriado a um “vamos sair” precipitado, não consigo responder elogios a minha aparência com real felicidade. Porque não confio em uma palavra do que eles falam. 
Eu gosto assim, na festa a gente conversa tanto que eu já não vejo a hora do beijo, ou se eu te conhecer no Tinder você vai demorar tanto para falar sobre nós no sentido romântico que vou estar achando que você desencanou, apesar de falar comigo todos os dias, mas é certo que já vou estar confiando em você como se te conhecesse a meses. E independente do que acontecer vou te ver pelo menos como um amigo. Isso na verdade é um defeito meu, sou cheia de preconceitos, não gosto dos metidos, dos bonitões, dos galanteadores e populares em geral. Gosto dos inseguros, dos com defeito, dos que se pode ter certeza quando estão minimamente cativados. Dos que você sabe que se não rolar mais nada já valeu a pena a história.